segunda-feira, novembro 29, 2004

Outono


Malhoa

Outonal

Caem folhas mortas sobre o lago!
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio... Olha, anoitece!
- Brumas longí­nquas do País Vago...

Veludos a ondear... Mistério mago...
Encantamento... A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago...

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
- Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que soluço a delirar de amor...

Florbela Espanca

Voluntariado

Hoje não pude ir ao voluntariado que faço, semanalmente, num hospital psiquiátrico. Não pude porque tinha marcado uma reunião de dúvidas com uma professora, acerca de um trabalho que vou apresentar esta sexta... boring!...
Tenho uma pena imensa quando não posso ir ao voluntariado porque, de facto, aquela hora e meia é muito reconfortante para a minha alma. Quando lá estou sinto que estou a fazer algo realmente bom por alguém.

No fundo, o que eu e os outros voluntários fazemos é algo de muito simples: companhia. É tão simples quanto isso. Fazemos trabalhos manuais com os doentes, existe um grupo de teatro, conversamos, ouvimos, damos o carinho que muitas vezes lhes falta.
Os pacientes que lá estão internados são, a meu ver, pessoas muito carentes de afecto e de calor humano (algo que as paredes nuas e as enfermeiras, sempre tão frias, não lhes dão).
Algo que é essencial ter sempre presente é que antes e além de serem doentes eles são pessoas! Pormenor que, muitas vezes, neste tipo de instituições, os funcionários parecem que esquecem. Tem que haver um esforço para que estas pessoas não se sintam marginalizadas devido à doença que têm. É importante que não sejam "despersonalizadas", que se lhes dê o seu espaço de crescimento, que se lhes faça sentir que os percebemos como indi­víduos.
E é isso que procuramos fazer no voluntariado. Ver o sorriso dos pacientes quando nos vêem chegar, o empenho deles a realizar as actividades que lhes propomos, o ar triste quando temos que ir embora e a ansiedade ao perguntarem quando voltamos é a minha canja de galinha para a alma.

Famí­lia

Muitas vezes relegamos a família para segundo plano, minoramos a sua importância. Sempre esteve lá e achamos que sempre vai estar. No entanto, não podemos negligenciá-la.

O Homem precisa do contacto com o outro para viver, precisa de estabelecer relações sociais e sentimentais; de contrário, não passa de um animal. E quem é que nos prepara para essa formação de laços? Pois claro, a famí­lia.

Ter uma famí­lia que nos ame é essencial para a nossa estabilidade emocional. É importante ter quem nos ame incondicionalmente, ter quem nos dê "colinho" quando estamos em baixo, quem nos vá levar um leitinho com mel à cama quando estamos doentes.

Depois de um dia cansativo física e emocionalmente é essencial saber que em casa vamos encontrar um local seguro e "quentinho" de mimos. É ou não é?
E quando falo em famí­lia não tem quer ser o pai e a mãe, pode ser uma avó, um namorado/marido, ou mesmo um amigo. A família não é só quem nos deu os genes. É quem nos deu, e dá, o reconhecimento e amor que merecemos.

domingo, novembro 28, 2004

Ser feliz

Às vezes odiamo-nos porque temos umas gordurinhas a mais, outras vezes andamos infelizes porque o penteado não ficou como queríamos, outras andamos cheios de ódio e amarguras porque uma amiga nos traiu... ou seja, vamo-nos esgotando com coisas pequenas.

Depois, se acontece algo que requer que sejamos fortes, não aguentamos e quebramos.

É importante estar bem e para isso temos que encarar a vida com leveza e optimismo!

Não dar demasiada importância às coisas insignificantes (a celulite, as pontas espigadas, a nota fraca no exame...) mas ver o significado das coisas pequenas (o arco-íris depois de um dia cinzento, uma rosa oferecida pelo namorado, o sorriso que desponta nos lábios de alguém que consolámos...).

A vida é cheia de possibilidades!

Temos que enfrentar a vida com pensamento positivo e boa disposição. Se assim o fizermos as coisas más parecem-nos menos más, e as coisas boas tornam-nos duplamente felizes!

E, se por um acaso do destino, a vida nos pregar uma rasteira torna-se mais fácil juntar as forças necessárias para nos levantarmos e saltarmos por cima das dificuldades.

Uma vida muito feliz para todos!! :*

Domingo

Quando era pequena detestava os domingos... Dava-me um aperto no coração, sentia uma angústia quando o dia começava a escurecer!... O final do dia era o prenúncio de uma segunda-feira a chegar, de um dia de escola que se avizinhava... coisas de criança!...

Agora já não é tanto assim. Talvez porque estou a adorar o meu curso, e então um novo dia de aulas é sempre bem-vindo! (Mesmo com a quantidade de trabalhos* que tenho para fazer e as preocupações que eles acarretam...).


*O termo trabalho é originário do latim tripalium, que designa instrumento de tortura.

sábado, novembro 27, 2004

Incógnito


Dado que ainda não comuniquei a ninguém esta minha incursão pelo "mundo dos blogs" não acredito que alguém esteja sequer a ler este texto.
Isso não é, no entanto, impedimento à minha escrita porque este blog não pretende ser mais do que um desabafo.
Um desabafo numa garrafa lançada ao mar ...

Estados

Febril. É como me sinto hoje. Aliás, já não é de hoje... Tenho me andado a sentir assim já faz dois dias. Que posso eu fazer? Uns antigripais, muito cházinho de limão com mel, e andar para a frente que vida de estudante é mesmo assim!...
Depois é o sono... Porque ou me deito tarde porque tenho trabalhos para fazer, ou me deito tarde "porque sim" (quando não há tempo livre que mais posso eu fazer senão "inventá-lo", prolongando o dia pela noite adentro?)... E depois é acordar cedo, porque "de manhã é que se começa o dia!"... Preciso de umas férias, u r g e n t e m e n t e!!

Amor vivo

"...Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores... se têm vida?"

Antero de Quental


Amo-te.
Amo-te pelo que és e pelo que não és.
Amo-te pelas tuas virtudes e pelos teus defeitos.
Amo a tua alegria. Amo a tua espontaneidade.
Amo os teus olhos, o teu rosto, o teu cabelo. Amo-te a ti, t o d o!

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
«Tudo no mundo é frágil, tudo passa...»
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princí­pio e Fim!...»


Florbela Espanca

Nós


Caminhando juntos, lado a lado, pelas encruzilhadas da vida... É assim que nos vejo. Para sempre!

Quem sou?

"Eu? eu sou os meus pensamentos, as minhas convicções... sou o que visto, o que como..." dizemos a nós próprios.
Mas será só isso?


Não seremos, também, aquilo que os outros pensam que somos?
Quero dizer, cada um tem a sua interpretação de nós. Interpretação baseada no que dizemos e fazemos, no modo como no comportamos perante as situações e no modo como tratamos os outros... Tudo o que fazemos passa uma imagem do que somos.


De que vale sermos cheios de ideias nobres se depois ignoramos um pedido de ajuda de um amigo?
E haverá frustração maior que a de ser julgados erradamente por termos medo ou vergonha de dizermos/fazermos o que sentimos?


Não basta querermos ser, temos que ser verdadeiramente.

sexta-feira, novembro 26, 2004

Murmúrios ao Luar


Bem-vindo ao meu blog!
Espero que gostes!!