quarta-feira, outubro 12, 2005

"Descobri que a minha obsessão de que cada coisa estivesse no seu lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente ordenada mas, pelo contrário, um sistema completo de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, mas como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir a minha mesquinhez, que passo por prudente por ser pessimista, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que não se saiba que pouco me importa o tempo alheio. Descobri, por fim, que o amor não é um estado de alma mas um signo do Zodíaco.”

Gabriel García Marquez inMemória das minhas putas tristes

1 comentário:

Anónimo disse...

em última análise, damos aos outros para termos o que nós próprios queremos.

mas se, por isso, nos damos mesmo aos outros, então que seja por alguma razão.

beijinhos!