Entramos num café e os meus olhos percorrem o espaço à procura da melhor mesa. Sentamo-nos na mesa do canto, no fundo da sala, porque permite uma visão global da sala e de quem entra.
"São dois cafés, se faz favor!"
A música de fundo deixa-me ouvir a voz de quem se sentou à minha frente, e apenas um murmúrio difuso vindo de outras mesas.
"Obrigada." Despejo meio pacote de açúcar, nem mais nem menos, e mexo vagarosamente enquanto aceno com a cabeça.
A luz é ténue. De uma e outra mesa partem rolos de fumo que ondulam no ar, até se desvanecerem, se misturarem numa fina névoa que tudo cobre.
Agarro na chávena de modo a aquecer as mãos geladas da rua. "Sim, sim..." respondo distraidamente enquanto observo o que se passa à minha volta.
Noutra mesa de canto um casalinho, de mãos unidas e cabeças quase coladas, derrete-se ao som das suas juras de amor. Na mesa do centro duas raparigas de ar emproado riem alto. Ali um homem engravatado lê as notícias do dia. Acolá uma senhora de carrapito e ar cansado dá o iogurte ao neto irrequieto. Aqui e ali mesas vazias.
Olho pela janela o lusco-fusco. As luzes dos automóveis que dão a curva encandeiam-me.
"Sim, já se faz tarde." "A conta por favor!"
E fechamos os casacos e piscamos os olhos enquanto voltamos ao frio desconfortável da rua.
2 comentários:
enquanto lia o que escreves (e que fazes tão bem...!) imaginei mesmo o sítio que "descrevias" pelos olhos do "eu" do texto. gosto mto de ler o que escreves. frases geralmente curtas e incisivas. é um prazer navegar por estas bandas.PimAna
oh!!! tão bom chegar aki e ver k tinha um comentário da minha pima mai linda!! =)
'bigada ninã!! =*
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