Em vez das 5 cadeiras habituais, esta semana planeei ir a 7 – não sabendo ainda se fico na minha primeira opção, mais vale prevenir. Entretanto, apesar do caos, já se começa a pensar em trabalhos e a pesquisar os textos de leitura obrigatória. Para uma pessoa meio obsessiva e perfeccionista (eu), a incerteza desta situação gera uma ansiedade imensa. E cabeça para manter um blog, por enquanto, não há.
quarta-feira, setembro 27, 2006
Da faculdade.
Em vez das 5 cadeiras habituais, esta semana planeei ir a 7 – não sabendo ainda se fico na minha primeira opção, mais vale prevenir. Entretanto, apesar do caos, já se começa a pensar em trabalhos e a pesquisar os textos de leitura obrigatória. Para uma pessoa meio obsessiva e perfeccionista (eu), a incerteza desta situação gera uma ansiedade imensa. E cabeça para manter um blog, por enquanto, não há.
quinta-feira, setembro 14, 2006
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."
Pablo Neruda
Volver
Volver,
con la frente marchita,
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir,
que es un soplo la vida,
que veinte años no es nada,
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir,
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo,
que lloro otra vez.
terça-feira, setembro 12, 2006
"O meu apelo por uma revolução espiritual não é um apelo por uma revolução religiosa. Considero que a espiritualidade esteja relacionada com aquelas qualidades do espírito humano - tais como amor e compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de harmonia - que trazem felicidade tanto para a própria pessoa quanto para os outros. É por isso que às vezes digo que talvez se possa dispensar a religião. O que não se pode dispensar são essas qualidades espirituais básicas."
segunda-feira, setembro 11, 2006
sábado, setembro 09, 2006
Manta de retalhos.
Chegando ao fim do percurso, cada pessoa carrega consigo uma manta única. Feita de muitos ou poucos retalhos, mais ou menos colorida. Salpicada de lágrimas e de sangue, porque nem sempre a agulha perdoa a inexperiência. São mantas sem princípio, e nem mesmo um fim, pois confundem-se com as de outros, com que se partilham retalhos.
Procura-se um Amigo
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
quinta-feira, setembro 07, 2006
sexta-feira, setembro 01, 2006
Primeiro beijo.
Do meu lugar central, numa das últimas filas do anfiteatro de pedra, tenho uma vista privilegiada do cenário em redor: para a esquerda, um homem de fato lê o jornal e, mais abaixo, senta-se uma velha senhora, de olhos fixos nas agulhas de tricô; abaixo de mim, uma adolescente, com uma revista aberta no colo, faz uma dança frenética com os polegares sobre o teclado do telemóvel; para a direita, ao nível do chão, um casal conversa calmamente, relanceando de quando em quando para o petiz que corre atrás da bola; mais longe, um rapaz, de headphones nos ouvidos, balança a cabeça ao ritmo da música que só ele ouve. Feito o reconhecimento do local, pego no livro e recomeço a leitura onde o marcador indica.
Os únicos sons são o chilrear dos pássaros, escondidos na folhagem das árvores, e o restolhar de folhas ao levantarem voo apressadamente. Também as horas voam e o sol começa a esconder-se por detrás dos edifícios, no horizonte. Noto os olhos cansados, as letras a bailarem desconexas; ao levantar o olhar do livro, acordo daquela outra realidade em que havia mergulhado e apercebo-me da meia-luz que me envolve. Arrefeceu. Pouso o livro e olho em redor: estou sozinha e, algures, um grilo chama por uma fêmea. Levanto-me para sair – as pernas entorpecidas por estarem horas na mesma posição.
Já a caminho da saída dou pela falta do livro, que cabeça esta! Volto atrás e lá está, onde o deixara, pousado no banco contíguo àquele onde havia estado sentada. Inspiro o ar fresco e reparo como o lago, ao fundo, está calmo. Um sussurro (ou seria um zumbido de um qualquer insecto?) atrai o meu olhar. Ao longe, dois jovens sentam-se lado a lado. Ele, com o torso virado para ela, diz-lhe algo em tom íntimo. Ela olha em frente, respondendo apenas com um sorriso tímido. Instala-se um silencio embaraçoso, e cada um procura fervorosamente algo para dizer. Subitamente, ele inclina-se e, pegando-lhe no queixo, direcciona a boca para a dela: os lábios tocam-se, por meros segundos, num beijo atabalhoado. Ela desvia a face e, muda, demora o olhar nos dedos fortemente entrelaçados. Ele, atrapalhado, pede desculpa pelo atrevimento. Por detrás de mim, alguém que passa pigarreia. Os dois vultos esfumam-se no ar. Recordações… Volto-me e percorro o caminho para casa, com um sorriso nos lábios, pensando em como o Tempo tudo transforma.