sexta-feira, abril 15, 2005

Eterna menina

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Esta é a história da menina a que não deixam crescer. Não é uma história verídica, mas também não é totalmente ficção. Chamam-lhe a Eterna-Menina, mas nós chamemos-lhe Ema.

A história de Ema começa muito antes de nascer, pois já há muito tempo que era desejada intensamente pelos seus futuros papás. O maior desgosto da mamã e do papá de Ema era o facto de não conseguirem ter filhos, por isso quando (por milagre, dizem eles) a cegonha lhes bateu à porta, sentiram-se as pessoas mais felizes do mundo. Assim, desde o seu nascimento que Ema tem todo o amor e carinho dos seus pais, mas também a sua super-protecção. Os pais de Ema sempre foram o que comummente se chama de “pais-galinha” pois, por amor ao seu rebento, sempre a fizeram viver numa redoma, protegida de todos os males e, portanto, da vida. Talvez seja por isso que, em tantos momentos da sua (ainda curta) vida, Em não se sinta preparada para encarar o futuro, que se lhe afigura demasiado duro.

Há dias em que os ombros lhe pesam e a cabeça não consegue formular um pensamento feliz, mas o sorriso, esse, está sempre pendurado nos seus lábios, qual armadura contra as perguntas indesejadas; o que a denuncia são os olhos, que não conseguem mentir e esconder a tristeza… ou denunciariam, se o rodopio da vida não impedisse os que lhe querem bem de ver mais fundo. É nesses dias que Ema se refugia na escrita.

Ema raramente chora, pelo menos lágrimas salgadas… Quando se sente triste chora lágrimas de sangue que lhe escorrem directamente do coração. As outras, as salgadas, vão se acumulando na alma, sendo libertadas apenas quando chora o sofrimento dos outros.

Mas não pensem que Ema é infeliz, não é! Tem uma vida boa e um punhado de bons amigos. No entanto, sente que lhe falta algo!... Mais emoção na sua vida, que tantas vezes é só casa-escola-casa. Ema passeia com os seus amigos e sempre que pode está com o namorado, como qualquer jovem da sua idade… mas anseia por mais independência. O grande desejo de Ema é o de fazer uma longa viagem, por um qualquer país desconhecido. Seria aquela experiência de vida, e uma forma de se começar a afastar da vivência quotidiana com os pais, uma espécie de preparação para ir (finalmente) viver sozinha. Mas o modo como foi criada impede-a de ter a garra necessária para largar tudo e partir para uma aventura dessas... e assim vai ficando cada vez mais presa à inércia com que passa pela vida.
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