segunda-feira, novembro 28, 2005
"Os Belenenses"
sábado, novembro 26, 2005
1º Aniversário!
Quando criei este blog não fazia a mínima ideia se era algo para continuar. Criei-o um pouco por capricho, porque sim. Durante um tempo foi quase um segredo: queria ter a certeza de que não era apenas um entusiasmo passageiro.
Nas primeiras semanas escrevia a um ritmo diário, às vezes até vários posts num mesmo dia. Sentia que tinha tanto para dizer! Sempre me foi mais fácil escrever do que falar... Agora que de novidade passou a rotina (mas daquelas boas, feitas com gosto), nem sempre consigo dispensar um tempinho para escrever um texto mais elaborado; se bem que não passo sem deixar um pensamento, um comentário sobre um filme ou um livro, uma música, um poema... o que quer que seja que me tenha marcado o dia.
Já não me imagino a fechar a porta deste cantinho e deixar a "blogosfera". Tornou-se parte dos meus dias ir visitar os blogs conhecidos, deixar um ocasional comentário, ler (com o entusiasmo de uma criança!) qualquer comentário que me tenham deixado... Tenho caderninhos onde guardo cada bilhete-de-cinema-e-coisas-que-tais que compõem a minha vida; aqui, ao materializar o que me vai na cabeça e coração (principalmente coração), guardo outros registos que fazem parte de quem eu sou.
Nestes 365 dias muita coisa se passou: Ri e chorei. Aprendi e cresci! Também este espaço sofreu mudanças, várias até!, e, quem sabe, talvez a minha inconstância levará a mais!... É certo que o seu destino não passa por ser um daqueles blogs ultra-badalados… mas também nunca foi esse o objectivo. Nem sei bem qual é o seu objectivo! Apenas sei que gosto de escrever; e gosto de como o facto de o fazer me permite expor-me um pouco mais do que o que normalmente faço. Qual caderno de rascunho onde escrevinho pedaços de mim.
365 dias se passaram e eu continuo aqui, outra mas a mesma: confusa, sempre com mais dúvidas que certezas, apaixonada, ingénua mas forte, preguiçosa quando posso e trabalhadora quando tem que ser, e sempre com muito para dar!
Já que é um aniversário, creio que tenho direito a um desejo...! Desejo que este blog continue a ser ponto de ligação com antigas amizades & ponto de partida para novos conhecimentos.
E obrigada! Obrigada ao que, com carinho, de vez em quando cá deixam a sua marca, pois não faria sentido manter os murmúrios não fora vocês!
segunda-feira, novembro 21, 2005
One Art
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
--Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.
Elizabeth Bishop
sábado, novembro 19, 2005
Friedrich Nietzsche
Edward de Bono
quarta-feira, novembro 16, 2005
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
...............................................i fear
no fate (for you are my fate, my sweet) i want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart (i carry it in my heart)
E.E. Cummings
[De Cummings só conheço um outro poema, que já aqui publiquei algures; este, ouvi no filme "In her shoes" e Amei! Tinha que partilhar com voçês.]
terça-feira, novembro 15, 2005
quinta-feira, novembro 10, 2005
Na biblioteca.
O odor a madeira e a livros torna presente a sensação de entrada num templo. Um templo de ideias. Na biblioteca sinto, quase fisicamente, a pequenez do meu mundo de conhecimentos.
Quando atravesso a entrada da biblioteca e a porta, atrás de mim, extingue os ruídos do exterior, entro noutro mundo. Aqui não me sinto sozinha, ou deslocada não minha solidão. Aqui sou só eu. Eu e os meus pensamentos. E os livros com os seus pensamentos. É o meu refúgio dentro deste edifício de coração frio.
[17h45: Ao ver-me sozinha no ritmo frenético do bar, vim para a biblioteca escrever... no entanto a descrição é de uma biblioteca algo diferente, fantasiada]
quarta-feira, novembro 09, 2005
Alimentação
[Escrevo este texto com o estômago reconfortado por um maravilhoso tofu com cenoura, acompanhado de arroz de feijão e salada ;)]
domingo, novembro 06, 2005
sexta-feira, novembro 04, 2005
Conversa de café.
quarta-feira, novembro 02, 2005
"As mulheres portuguesas são parvas"
Nos últimos tempos, fui entrevistada por vários jornais, os quais, suponho que devido à crise económica, me enviaram mulheres muito novas. Eram geralmente bonitas, espertas, altas, modernas e rápidas. Eis, pensei, a Nova Mulher.
Inesperadamente, o final das conversas tendeu a escorregar para a dificuldade que elas encontravam na compatibilização entre o trabalho e a maternidade. Num caso, aconteceu mesmo ter eu descoberto estar a desempenhar o papel de psicanalista, dando conselhos sobre a forma como a jornalista em causa, que acabara de ter um filho, podia e devia reivindicar para si, sem se sentir culpabilizada, um maior espaço de autonomia.
Suponho que o facto de ser mulher, mãe e avó, convida a estas confissões imprevistas. Não me importei: as revelações das jovens serviram para me mostrar que as novas gerações femininas, pelo menos as da classe média, não têm a vida mais facilitada do que eu a tive há quarenta anos. Por um lado, as "criadas de servir", como antigamente lhes chamávamos, são hoje mais caras, por outro, a ideologia dominante sobre a função da mulher alterou-se menos do que eu pensava.
Mas há mais. Os portugueses excedem-se verbalmente no seu amor pelas crianças: para 62 por cento, os indivíduos que não têm filhos levam uma "vida vazia". Ora, são estes senhores, que tanto dizem amar os filhos, que se não dão ao trabalho de lhes mudar as fraldas, de os levar ao médico ou de os alimentar. As mulheres portuguesas gastam três vezes mais horas do que os homens na lida doméstica: elas despendem, por semana, vinte e seis horas, eles apenas sete, o que dá uma diferença de dezanove horas semanais, uma média superior à europeia. As portuguesas continuam a ser exploradas, como se nada se tivesse passado desde o momento, na década de 1960, em que a minha geração ergueu a bandeira da emancipação feminina.
Algumas das jovens, que responderam ao inquérito, declararam conformar-se com a distribuição do trabalho vigente, chegando a dizer que "nós nunca nos zangamos por causa das tarefas domésticas", continuando a lavar a roupa, a passar a ferro e a mudar fraldas, como se os filhos não fossem responsabilidade de ambos. Sei, por experiência própria, que é mais fácil fazer greve às tarefas domésticas do que ao tratamento dos filhos. Apesar das minhas resistências iniciais, acabei por admitir que existe um laço afectivo diferente entre a mulher, que teve de carregar um feto na barriga durante nove meses, e o homem que se limitou a depositar nos ovários um montinho de espermatozóides. Mas isto não explica a exploração a que as minhas compatriotas são sujeitas, não só pelos maridos, como por uma sociedade que continua a atribuir-lhe todos os males contemporâneos, do consumo juvenil da droga à anomia cerebral dos alunos.
Nunca esperei que a situação fosse tão má quanto a que este inquérito revela. Na minha ingenuidade, pensei que, na História, havia domínios – sendo um deles a emancipação feminina – em que tinham verificado progressos. Depois de ler estes dados, tenho dúvidas. Algumas raparigas ainda parecem pensar que a sua única função no Universo consiste em desempenhar os papéis de esposas devotadas, seres paranoicamente ocupados com a limpeza do pó e mães tão excelsas quanto a Virgem Maria.
De certa forma, o destino das raparigas na casa dos trinta ou quarenta anos corre o risco de ser pior do que o meu. Quando casei, o que de mim se esperava, além da procriação continuada, era que passasse o dia a arrumar a casa, a cozinhar pratos requintados e a vigiar a despensa. Hoje, a estas tarefas vieram juntar-se outras. As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama, profissionais competentes e estrelas nos salões. Mas isto é uma utopia. Nem a mais super das supermulheres pode levar as crianças à escola, atender os clientes no escritório, ir à hora do almoço ao cabeleireiro, voltar ao escritório onde a espera sempre um problema urgente, fazer compras num destes modernos supermercados decorados a néon, ler umas páginas de Kant antes de mudar as fraldas do pimpolho, dar um retoque na maquilhagem, telefonar a três "babysitters" antes de arranjar uma, ir ao restaurante jantar com os amigos do marido, discutir a última crise governamental e satisfazer as fantasias sexuais democraticamente difundidas pelos canais de televisão. Estou a falar, note-se, de mulheres socialmente privilegiadas. A vida das pobres é um inferno sem as consolações de que as suas irmãs de sexo, apesar de tudo, usufruem.
É por isso que a luta tem de continuar. Não sei se sou "feminista", nem me interessa debater a questão terminológica. Sei que sou contra todas as injustiças e, entre elas, contra a ideologia que nos quer manter encerradas numa Casa de Bonecas. Ao longo dos anos, tenho ouvido de tudo, incluindo mulheres que dizem estar contra a emancipação feminina. Pensei então que não valia a pena perder tempo com tontas. Mais madura, considero hoje que o melhor é retirar-lhes o direito ao voto, o direito ao divórcio e a protecção legal contra a violência doméstica. Se gostam de ser escravas, que o sejam. Acabou-se o tempo das contemporizações. Quem luta, tem direitos; quem se resigna, fica de fora.
terça-feira, novembro 01, 2005
Dia de Todos os Santos
É também neste dia que, logo pela manhã, onde ainda se conserva o costume, se juntam grupos de crianças que, de porta em porta, vão pedir pela alma dos que já faleceram. Nas mãos levam uma bolsinha de pano e, em resposta ao pedido, as pessoas dão o que podem, tal como dinheiro ou guloseimas.
Uma tradição que faz parte da nossa cultura cristã e que não vejo mal na sua perpetuação. No entanto, já não partilho desta opinião no que toca a dias feriados importados de outras culturas, tais como o Halloween. Mas o que é que se há-se fazer, deve ser isto a tal globalização...